April 11, 2016
Cristine Takuá
Para os Povos Indígenas, a natureza é quem dá sentido a vida. Tudo em seu equilíbrio. Como uma imensa teia, onde tudo está interligado, um organismo vivo. O seu poder está em nos direcionar, nos mostrar o caminho de luz a trilhar em busca de sabedoria.
Cada sinal que recebemos tem um significado para nossa vida. O canto de um pássaro pode indicar algo, os trovões que passam são sinal de que algo está pra acontecer, as formigas no meio do caminho, as formas das nuvens, a direção do vento, enfim, muitos presságios nos são transmitidos pelos sinais da natureza, que com sua delicadeza e sabedoria vai nos guiando e nos ensinando como bem viver, que em guarani se fala: Teko Porã, um conceito filosófico, político, social e espiritual que expressa exatamente essa grande Teia, onde vivemos em equilíbrio, respeito e harmonia.
Porém, toda essa complexa crise de relações que os humanos hoje estão vivendo nada mais é do que reflexos de séculos de uma caminhada mal feita, pois antes quase todos viviam na natureza, com a natureza e da natureza. E hoje, as pessoas se desinseriram do meio, usam e abusam da natureza para sobreviver ou aliviar seu ego de consumo.
Sem pensar que fazemos parte dessa imensa teia, que não deve e não pode ser separada. Porém, penso que ainda há tempo de reconstruirmos e de nos harmonizarmos. Um caminho é a educação. Mas a sociedade não-indígena deve repensar sua forma de educar suas crianças. Valorizando o potencial que jaz dentro de cada uma, e principalmente fazendo uma escola que seja útil para a vida das pessoas.
Ouço muitos dizerem que a escola serve para nos tornar alguém na vida, muito pelo contrário, já somos alguém na vida, temos que usar das ferramentas escolares para nos tornarmos guerreiros. Guerreiros esses que possam compreender o Teko Porã e transformar o mundo à sua volta.
Como sementes somos Nós Educadores, lançando sabedoria e esperança de um Mundo mais sustentável, mais em equilíbrio e respeito com nossa Sagrada Terra, nossas Florestas, nossas Águas, tudo o que nos rodeia e nos dá vida.
Revista Língua de Trapo
Lindas palavras que nos ampliam a visão. O texto explicita, muito bem, no que difere a forma dos indígenas ver o mundo. Ainda estamos em tempo de recuperar a vida.
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O pensamento e o modo de vida indígena trazem sopros de transformação muito potentes…eles começam mexendo com as nossas práticas e relações. Abandonar o consumo, o individualismo e a humanidade que nos separam da natureza é uma alerta, um início deste exercício de vida. Alegra-me compartilhar de suas experimentações.
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